quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

BARREIRO - CLUBE NAVAL BARREIRENSE


Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm













Respigado do site do Clube Naval Barreirense:

A formação do Clube Naval Barreirense remonta ao ano de 1925.

Até 10 de Setembro (de 1925) não existiram instalações para a prática dos desportos náuticos, foi nessa data que, junto ao moinho do “Gim” que o Clube Naval Barreirense, ... construiu em madeira o seu primeiro posto náutico.

Em 1927 o Clube Naval Barreirense organizou a primeira travessia do Barreiro a nado.

No decorrer das cerimónias tradicionais dos seus festejos náuticos, a 5 de Outubro de 1929, a Sede Social do Clube Naval Barreirense, transferiu-se para um novo local, este agora no sítio da Praia Norte do Barreiro.

A 21 de Junho de 2000 a Câmara Municipal do Barreiro premeia com a atribuição de um troféu de Bons Serviços e Dedicação o Clube Naval Barreirense.


sábado, 7 de novembro de 2009

Barreiro - O Moinho Pequeno


Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm
Foto 1

Foto 2

MOINHO PEQUENO

Os moinhos de marés e de vento foram introduzidos na zona de Alburrica para a moagem de cereais e descasque do arroz e alguns destes moinhos fazem ainda parte do património cultural do concelho, como por exemplo o Moinho Pequeno (de marés) e os moinhos de Alburrica e do Jim (de vento).

O moinho pequeno com três pares de mós, foi construído em meados do século XVIII, tendo encerrado há muito tempo e encontrando-se, presentemente, em ruínas. Também este moinho moia trigo e nele se fabricavam ainda massas. Pertenceu a José Pedro da Costa. Está localizado junto do largo que lhe tomou o nome, isto é, Largo do Moinho Pequeno transversal à Rua Miguel Pais. É, actualmente, também, propriedade particular.

Julgamos ser oportuno divulgar aqui alguns extractos do que a revista UM OLHAR SOBRE O BARREIRO, nº. 3, publicou em Dezembro de 1985, pela pena do arquitecto Cabeça Padrão:

“MOINHO PEQUENO, Na Cidade, lado poente (o mais bem conservado dos 3)

Construído no Séc. XVIII (?). Tinha 3 moendas. Farinava cereais e nele se fabricavam, também, massas alimentícias. Pertenceu a José Pedro da Costa. Era de Joaquim do Rosário Costa em 1884. Desconheço quando deixou de laborar e em que condições.

Este poderia ser um excelentíssimo espaço museológico de arqueologia industrial e naval barreirense no seu período anterior à Revolução Industrial, como temos vindo a sugerir em reuniões na Câmara Municipal.

A recuperação deste moinho, integral e no seu funcionamento (sem a fábrica, é evidente), implica a recuperação da correspondente “caldeira”... QUE GRANDE SALA DE INSTRUÇÂO PARA AS ESCOLAS, E POPULAÇÂO EM GERAL."

Noutro ponto do seu artigo, escrevia o arquitecto:

“Acontece que esta área noroeste do Barreiro (Alburrica), ameaçada com aterros na sua textura – tendo em vista o equilíbrio ecológico do rio, a rara concentração exemplar de arqueologia industrial (moinhos de vento, moinhos de maré, estaleiros) , o excelente panorama de que o rio oferece, e ser ainda o logradouro urbano de maior vastidão e qualidade que o Barreiro possui – acontece que esta área, dizia, nos tem merecido de alguns anos a esta parte cuidados urbanísticos de preservação de natureza geográfica-cultural que, aqui e ali, temos vindo a predicar. Trata-se do último reduto da génese fundamental deste aglomerado urbano de pescadores que, por séculos, se processou no seu diálogo constante com o rio de que depende – pescadores, estaleiros, moinhos de maré e de vento, passagem de comércio entre o sul e a capital que fornece de serviços, mão-de-obra e matéria prima.

...

Em verdade, algo terá de ser feito nesta área tão sensível e, neste momento, em tão profundo estado de degradação. É urgente uma intervenção urbanística planificada...

Felizmente a Câmara Municipal do Barreiro é de maioria APU, o que significa a garantia dos superiores interesses populares em jogo.”

Isto dizia Cabeça Padrão em 1985. A Foto nº. 1, acima, é de 1984. O moinho pequeno ainda estava bem conservado como dizia o arquitecto. Hoje, vejam a Foto nº. 2, tirada em 2008, e o estado de completa degradação em que está o Moinho Pequeno. A incúria das autoridades é tal que não há palavras para classificar esta atitude. Dizia o arquitecto que estava tranquilo em 1985 por a C.M.B. ser de maioria APU. 25 anos depois, como deve o arquitecto estar às voltas debaixo dos torrões, e a maldizer a sua crença nessa força política. Nessa e porventura nas outras, pois ninguém é sensível à cultura, ninguém se manifesta em sua defesa.

E AGORA FORAM CONSTRUIR MESMO “EM CIMA” DO MOINHO PEQUENO E DENTRO DO RIO UM VERDADEIRO MAMARRACHO. SERÁ A ISTO QUE “ELES” CHAMAM “DEVOLVER O RIO ÀS PESSOAS?”

OU É, ANTES, METER AS PESSOAS DENTRO DO RIO? VESTIDAS E TUDO!!! OU MELHOR, DENTRO DO LODO!!!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ex-libris do Barreiro ou ex-CUF

Acrílico sobre tela 30 cm x 40 cm
Foto 1
Foto 2

Atribuímos a este quadro a designação de Ex-libris do Barreiro pelo facto de a chaminé que se vê à esquerda ser, realmente, um símbolo representativo desta cidade, assim como, a Torre Eiffel é o símbolo ex-libris de Paris. Por outro lado, a construção em ruínas que se vê no quadro começa também a ser uma imagem representativa desta cidade; é só acompanhar a degradação e a destruição do Barreiro Velho para chegarmos a essa conclusão. E se não se der a volta à situação que se vem acentuando da diminuição da população também as habitações hoje com a indicação de “vende-se” amanhã serão também elas verdadeiras ruínas.
A designação de ex-CUF é por demais evidente; trata-se, na verdade, duma chaminé das antigas instalações fabris da CUF que, como se sabe, pertence ao passado.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Ainda Eça, o Barreiro e o "primo Basílio"

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto
Silva Porto, quadro, óleo sobre madeira (reprodução)

Em 22 de Julho de 1866, Eça de Queirós conclui a formatura em Direito, na Universidade de Coimbra. Logo em fins de 1866, princípios de 67, vai viver para Évora. Aí funda e dirige o jornal “Distrito de Évora”, cujo 1º. número sai em 6 de Janeiro de 1867. Em 28 de Julho do mesmo ano abandona a direcção do jornal que fundara e regressa a Lisboa.

Em Novembro de 1876, 10 anos depois, conclui a redacção de O Primo Basílio. Só em 28 de Fevereiro de 1878 este livro surge nas livrarias.

E é, precisamente deste livro de Eça que respigamos a seguir 2 curtas passagens. E porquê? Porque em ambas Eça de Queirós se refere ao Barreiro. Na sua curta passagem pelo Alentejo (fins de 1866 até Julho de 1867) deverá ter viajado muitas vezes entre Lisboa e Évora via Barreiro. Apanhava o vapor em Lisboa e aqui o combóio para Évora. Daí o personagem principal deste romance (Jorge) ser eng. de minas e visitar por essa razão o Alentejo. São, naturalmente, reminiscências da sua passagem por Évora.

De “O Primo Basílio”

1ª. Transcrição:

Jorge enrolou um cigarro, e muito repousado,muito fresco na sua camisa de chita, sem colete, o jaquetão de flanela azul aberto, os olhos no teto, pôs-se a pensar na sua jornada ao Alentejo. Era engenheiro de minas, no dia seguinte devia partir para Beja, para Évora, mais para o sul até S. Domingos; e aquela jornada em Julho, contrariava-o como uma interrupção, afligia-o como uma injustiça. Que maçada por um verão daqueles! (…)

Sebastião começou a tocar a “Malaguenha”. Aquela melodia cálida, muito arrastada encantava-a. Parecia-lhe estar em Málaga, ou em Granada, não sabia; (…)

-Muito bem, Sebastião! Gracias!

Ele sorriu, ergueu-se, fechou cuidadosamente o piano, e indo buscar o seu chapéu.

-Então amanhã às sete? Cá estou, e vou-te acompanhar até ao Barreiro.

Bom Sebastião!

Foram debruçar-se na varanda para o ver sair. A noite fazia um silêncio alto, de uma melancolia plácida; (…)

-Que linda noite!

2ª. Transcrição:

Aquele quarto estava tão penetrado da personalidade de Jorge, que lhe parecia que ele ia voltar, entrar daí a bocado… Se ele viesse de repente!... Havia três dias que não recebia carta – e quando ela estivesse ali a escrever ao seu amante, num momento o outro podia aparecer e apanhá-la!... Mas eram tolices pensou. O vapor do Barreiro só chegava às cinco horas; e depois ele dizia na última carta que ainda se demorava um mês, talvez mais…

Sentou-se, escolheu uma folha de papel, começou a escrever, na sua letra um pouco gorda:

“Meu adorado Basílio”

sábado, 3 de outubro de 2009

Barreiro - Capela de Santo António da Misericórdia

Acrílico sobre tela 30 cm x 40 cm

Fotografia

Fotografia a preto e branco

Em “O Barreiro Antigo e Moderno”) pode ler-se:

A Capela da Misericórdia, situada na Praça de Santa Cruz, defronte da Igreja Matriz, é de fundação geralmente fixada nos fins do Século XV, ou, com mais precisão, no reinado de D. João II (1481-1495).

O pequeno templo sofreu diversos arranjos ou alterações. Destas, uma das mais importantes terá sido a que lhe introduziram no Século XVII, pelo desvelado auxílio de D. Isabel Pires de Azambuja, sobrinha da fundadora do Convento da Madre de Deus da Verderena, a qual lhe mandou beneficiar a frontaria, fazendo-lhe um portal, com algum valor decorativo.

É esse portal sobrepujado por uma pedra, na qual está esculpida uma enorme concha em relevo, com uma cabeça de anjo, entre duas asas, reproduzida também a cada um dos lados. Por baixo, encontra-se gravada a seguinte inscrição:

IZABEL PIZ DAZÃBVIA FEZ ESTE PORTAL

Nos derradeiros anos do Século XIX, esta capela estava muito arruinada. Numa circular, com data de 28-III-1900, do Provedor da Misericórdia, Manuel Marinho, lê-se o seguinte: É conhecido de todos o estado miserável de ruína e abandono em que tudo se encontra, parecendo-se mais com um velho pardieiro”.

Num outro documento a que tivemos acesso podemos ler:

É um importante testemunho da assistência aos peregrinos e enfermos, bem como do culto no Barreiro Quinhentista. A Igreja é de planta longitudinal, com dois corpos distintos: capela e sacristia. Terá tido origem a partir de uma Albergaria ali existente em 1492, mas a fundação do actual templo só vem a ser sancionada por D. Sebastião em 1569.

Na capela-mor painéis de azulejos historiados, com elementos relativos à vida de S. João Baptista. Do lado esquerdo do altar a representação do Nascimento de João Baptista e uma cena relacionada com a sua infância. No lado direito, a representação da Visitação e, no painel lateral de menores dimensões, João Baptista, já em idade adulta durante a sua pregação no deserto.

Na cruz que ostenta, a inscrição «ECCE AGNUS DEI» (Este é o cordeiro de Deus).

O altar-mor apresenta um conjunto azulejar do século XX com a representação da Assumpção da Virgem. Foi classificada como Monumento de Interesse Municipal pela CMB em 2003.

Finalmente, acrescentamos mais alguns dados respigados algures na Internet: Em 1955 resolveu-se reconstruir este antigo lugar de culto, para tal o edifício foi reduzido as suas quatro paredes. Seguindo um rigoroso plano de reconstrução e restauro, rebocaram-se as suas paredes, foram-lhe colocados azulejos também eles restaurados. Mais uma vez a CUF não ficou de fora, sendo o tecto, portas e bancos desta renovada capela (madeira bem como a mão-de-obra, trabalho estimado em 200 contos) uma oferta da empresa á Santa Casa da Misericórdia. A reabertura deste local de culto sob a invocação de Santo António, levou á necessidade de adquirir uma imagem do Santo que se crê ser do séc. XVIII e que depois de devidamente restaurada foi oferecida por D. Manuel de Mello a esta capela

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Barreiro - Eça de Queirós, o Barreiro e o Tejo

Acrílico sobre tela 70 cm x 30 cm

Foto

Eça de Queirós
Eça de Queirós viveu algum tempo da sua vida em Évora. Seus pais viviam em Lisboa e por isso deve ter feito muitas vezes a travessia Lisboa-Barreiro e aqui apanhado o comboio para Évora. Nesta cidade alentejana foi Eça de Queirós director e pensa-se que talvez o único ou principal redactor do jornal “Distrito de Évora” pois muitas vezes escrevia com a capa de pseudónimos talvez para fazer crer que no jornal trabalhava muita gente.
É desse jornal e da pena de Eça a crónica que segue:

"Distrito de Évora" nº. 2, 10 de Janeiro de 1867
A crónica está satisfeita! E não sabem porquê?
Porque o novo ano se mostra mais razoável que o velho 1866!
É feio dizer mal dos que passaram desta a melhor vida, mas, em abono da verdade, o defunto 66 foi um ano disparatado.
Deu-nos o Inverno na Primavera, a Primavera no Verão e, por fim, o Verão no Inverno!
Mas o ano novo apresenta-se com a face carrancuda, de turvo aspecto, obrigando o oceano a visitar as nuvens, e estas por seu turno a desfazerem-se em água sobre a terra!
Ora isto pode não ser bonito, mas é racional, e a crónica é sempre pela razão.
E depois o vir o Inverno a tempos e a horas é decerto um penhor que havemos gozar no Verão belos calmeiros para saborear os sorvetes e carapinhadas da Júlia, do Alberto e Couto Braga, se assim aprouver à má economia financeira.
No dia 5, o vapor que conduzia os passageiros de Lisboa para o caminho de ferro do Sul, abriu água no trajecto e obrigou os que vinham no comboio de Évora, Beja e Setúbal, a ficar a passar a noite no Barreiro.
Por esta vez ainda felizmente este sinistro só acarreta graves inconvenientes, mas pode dar-se qualquer dia outro que produza grande número de vítimas.
Há muito que a imprensa clama contra essas carcaças que a companhia de navegação no Tejo ainda conserva em activo serviço e parece que, enquanto não tiver lugar um acontecimento que vá lançar a consternação e o luto no seio de muitas famílias, não será aquela obrigada a reformar o serviço dos vapores, visto não querer desistir do seu intolerável monopólio.
Pedimos ao governo sérias e prontas providências.

No mesmo jornal, alguns dias depois, aparece publicada a carta seguinte e a resposta do mesmo Eça de Queirós:
"Distrito de Évora", nº 4:
Sr. redactor. – No seu jornal de 10 do corrente, diz v. e a Revolução de Setembro transcreveu: «No dia 5 do corrente o vapor que conduziu os passageiros de Lisboa para o caminho-de-ferro do sul, abriu água no trajecto, e obrigou os que vinham no comboio de Évora, Beja e Setúbal a ficar e passar a noite no Barreiro.»
Posso asseverar a v. Sr. redactor, que tudo acima dito é completamente inexacto; nem o vapor fez água, nem os passageiros vindos no comboio ficaram no Barreiro. O vapor saiu nesse dia, do Barreiro para Lisboa às três horas e três quartos da tarde, e chegou a Lisboa às quatro e meia, e daqui partiu, na forma do costume, para Cacilhas a ir buscar a carreira das cinco horas para Lisboa.
Deve notar, Sr. redactor, que neste dia houve um grande temporal no Tejo, e que o vapor de África acendeu as fornalhas, fez vapor, mas não se atreveu a largar a amarração.
É para sentir que uma informação inexacta e mesmo caluniosa, desse motivo a v. fazer considerações, que nem os precedentes de vinte e oito anos, nem as vistorias passadas pelos peritos do Arsenal, ainda há três meses, autorizam.
Muito seria para desejar que a imprensa do país fosse mais cautelosa, quando se trata do crédito de terceiras pessoas, levada apenas de informações menos escrupulosas, e que muitas vezes encobrem interesses mesquinhos e desarrazoados, que se revelam, como ali, pelas palavras – intolerável monopólio, etc., etc.
Sou, Sr. redactor, com a devida consideração.
De v. etc.
António N. Sabbo Júnior
Director presidente da companhia

Esta carta recebida pede a rectificação de uma notícia, não verdadeira.
De boa vontade. Houve de facto uma má informação, sem culpa, sem mau propósito. Hoje a redacção recebeu outra carta em que o Sr. Sabbo oferece o testemunho de algumas pessoas que nesse dia desembarcaram em Lisboa.
É verdade. Um nosso redactor atravessou no vapor do Barreiro nesse dia, quando no Tejo andava temporal.
Damos toda a razão à direcção do vapor e a quem desejamos prosperidade e desenvolvimento.
No entanto nas linhas escritas não houve malevolência, ou intenção hostil: o risco dum arrombamento dum vapor, o susto que pode causar um tal boato, o que se diz da pouca segurança das máquinas, tudo levou a falar assim, mas sem intenção, e somente como quem vê um perigo, e grita com comoção para que seja evitado.
Não foi hostilidade, foi informação errada. Folgamos em que as vistorias feitas, mostrem o bom estado, a segurança, a esperança de duração, facilidade do bom serviço dos vapores do Tejo.
À redacção são perfeitamente estranhos os interesses da companhia, não os combate, não os aceita, não os sabe mesmo; se os barcos estão podres, lamenta; se os barcos estão sãos, estima; não sabe que intrigas se movem contra essa companhia, ignora absolutamente que influências queiram a sua extinção, não procura hostilizá-la, não pretende protegê-la também; são-lhe enfim, absoluta e perfeitamente indiferentes os interesses especiais da companhia: não os conhece, não os sabe: assim se vê que tudo nasceu duma informação errada.Por o que, em amor da justiça e da verdade, se rectifica a notícia no sentido da carta.

domingo, 13 de setembro de 2009

Barreiro - Largo Casal

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto

Foto

Largo (Praça) Gago Coutinho e Sacadura Cabral, vulgo “Largo Casal”
O popular “Largo do Casal” foi, antigamente, o “mini-rossio” local.
Se alguém perguntar aos habitantes do Barreiro onde é a Praça Gago Coutinho e Sacadura Cabral, a maior parte deles não responderá com muita certeza… outros desconhecerão mesmo onde fica.
Mas se fôr citado o Largo do Casal, a maioria deles logo o localiza. E quem se lembra que antes de ela tomar o nome dos gloriosos portugueses que, em 1922 (Março-Junho) praticaram a proeza do “raid” Lisboa-Rio de Janeiro, se denominava então Largo da Alegria?
A família Casal que desde a 2ª. metade do Século XVIII habitando a casa da velha Rua de Palhais (actual Rua Aguiar) com os nºs. 154 a 162, a tornejar, a Nascente, para o pequeno largo com os nºs. 1 a 3, veio a designá-lo, popularmente, pelo seu apelido. Era o chefe da família, ainda nos princípios da 3ª. Década do Século XIX, o octogenário sargento-mor de ordenanças (oficial de ordenanças) Francisco Alvarez Casal.
Seu filho Francisco Alves Casal (1805-1881) foi também pessoa de muito prestígio no Barreiro, aqui desempenhando, como o pai, vários cargos administrativos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Barreiro - Moinhos de Alburrica I

Acrílico sobre tela 30 cm x 24 cm

Foto

Escrevia Armando da Silva Pais, em “O Barreiro Antigo e Moderno” a páginas 145, o seguinte: Três outros moinhos de vento, já desmantelados, mas cujas paredes se conservam a desafiar os estragos do tempo, existem ainda em Alburrica. Perto uns dos outros – já em conjunto, já isolados – têm sido motivo de temas pictóricos.
Um deles, o mais alto, quase em forma de cone truncado, é chamado Moinho Gigante, porque os “anões” são os outros dois, de paredes cilíndricas. O “Gigante”, que foi reproduzido com as suas velas, pelo famoso pintor paisagista Silva Porto (1850-1893), ostenta ainda, por cima da porta da frente, a seguinte inscrição, gravada em pedra: FOI MANDADO EDIFICAR POR JOSÉ PEDRO DA COSTA NO ANO DE 1852.
Os outros dois mais pequenos moinhos de vento de Alburrica são também da mesma data do Gigante. Num deles, também por cima da porta principal, existe ainda bem conservado, um painel de azulejo, com a imagem de Nª: Sª. do Rosário, por baixo da qual se lê a seguinte inscrição: JOSÉ FRANCISCO DA COSTA ANNO DE 1852.
O outro é do mesmo tempo. Ambos pertencem agora, com os terrenos anexos, a mestre Francisco Ferreira, antigo construtor naval, que ali teve um estaleiro.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Barreiro - Alfredo da Silva

Foto


Acrílico sobre tela 40 cm x 50 cm

Alfredo da Silva (1871-1942)
Alfredo da Silva nasceu em Lisboa, a 30 de Junho de 1871.
Em 1892 assumia a gerência da administração da Companhia Aliança Fabril situada em Alcântara.
Em 1898, um sinistro, mais concretamente um incêndio, devora algumas instalações da C.A.F. que fabricava sabões e velas, adubos orgânicos e bagaços alimentares. Alfredo da Silva vê, então, a maior vantagem na fusão da C.A.F. com a empresa congénere - sabão e óleos - denominada Companhia União Fabril que fora fundada em 1865 pelo Visconde de Jorumenha. A fusão teve lugar em 20/4/1898. Na eleição dos novos corpos gerentes, foi Alfredo da Silva escolhido para o Conselho de Administração, contando, então, 27 anos de idade.
Em Setembro de 1907 a C.U.F. começou a instalar no Barreiro as suas primeiras fábricas.
Até 1942, ano em que faleceu, esse homem tem uma actividade excepcional, e no Barreiro consumiu, trabalhando, uma parte da sua vida.
Ele era, porém, um homem bem simples, de rara modéstia, que poucas vezes perdia tempo em congressos de altas personagens das forças económicas, mais raras vezes assistia a banquetes e – quanto a homenagens – evitou sempre as que, por várias ocasiões, lhe quiseram prestar.
A 1 de Dezembro de 1928, quando uma caravana de jornalistas de Lisboa visitou o Barreiro e as fábricas da C.U.F., Alfredo da Silva afirmou que: “apesar da má fama de que até há pouco o operariado do Barreiro gosava, se encontrava mais seguro nesta vila do que passeando pelas ruas de Lisboa.”(Respigado do livro O Barreiro Antigo e Moderno” de Silva Pais.)



terça-feira, 1 de setembro de 2009

Barreiro - Moinho "Gigante" e Moinho de Maré do Cabo

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto

Moinhos de Alburrica

Em Alburrica, no 2º. quartel do Séc. XIX, numa reduzida área de 50 ha, havia 4 moinhos de maré com um total de 28 moendas (pares de mós) a trabalhar simultâneamente por um período de 5 a 6 horas por dia – o moinho “pequeno” com 3 moendas, o moinho “grande” com 7, o moinho do “cabo” com 8 e, finalmente, o moinho do “Braamcamp” com 10 moendas. A estes juntavam-se 3 moinhos de vento – o moinho “Gigante” com 2 moendas e os 2 moinhos mais pequenos com uma máquina cada (in “Um Olhar sobre o Barreiro”)

Moinho Gigante

Dos três moinhos existentes em Alburrica, um deles, o mais alto quase em forma de cone truncado, se não fora a pequena saliência do telhado, é chamado Moinho Gigante, porque os “anões” são os outros dois, de paredes cilindricas. O “Gigante”, que foi reproduzido com as suas velas, pelo famoso pintor paisagista Silva Porto (1850-1893), ostenta ainda por cima da porta da frente, a seguinte inscrição, gravada em pedra: FOI MANDADO EDIFICAR POR JOSÈ PEDRO DA COSTA NO ANO DE 1852. Os 2 moinhos mais pequenos são da mesma data do Gigante. Num deles, também por cima da porta principal, existe um painel de azulejo, com a imagem de Nª. Sª. do Rosário, por baixo da qual se lê a seguinte inscrição: JOSÉ FRANCISCO DA COSTA ANNO DE 1852. (in Barreiro Antigo e Moderno)

Moinho do Cabo

Data dos meados do Século XVIII. Também este moinho pertenceu a um titular, o 11º. Marquês das Minas, D. Alexandre da Silveira e Lorena (1847-1903), oficial da Casa Real, par do Reino e engenheiro civil. Passou depois à posse da família Costa, do Barreiro. Uma parte deste moinho moía trigo e outros cereais, por conta de José Pedro Maria da Costa, industrial de padaria nesta vila; a outra parte trabalhava no descasque de arroz, por conta de Joaquim do Rosário Costa. Esteve em actividade até cerca de 1913. Está actualmente em ruinas. (in Barreiro Antigo e Moderno)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Barreiro - Largo Rompana


Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto

Dr. Francisco dos Santos Rompana – Há mais de 150 anos que é vulgarmente designada por Largo do Rompana (embora nunca fosse, oficialmente, classificada como um Largo) a parte norte (terminal) da antiga Rua Direita de S. Francisco (não confundir com a Rua de S. Francisco que era a actual Rua Serpa Pinto), a qual, tomou em 12-11-1929, o nome de Rua José Relvas. Rompana (corruptela de rompante) começou por ser alcunha porque era conhecido Francisco dos Santos, proprietário e industrial de padaria. Daí o nome porque este passou a ser designado pelo povo. Foi entre 1844 e 1847 que Francisco dos Santos acrescentou ao seu apelido o de Rompana. Foi um dos netos (Dr. Francisco dos Santos Rompana, acima citado) que passou a usar o nome do avô paterno, acrescido do adoptado apelido, no qual, aliás, ele tinha muita honra. (de “O Barreiro Antigo e Moderno”)

Barreiro - Mercado 1º. de Maio

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto
Mercado 1º. De Maio
O lançamento da 1ª. Pedra para a construção deste mercado teve lugar em 30/07/1916. Quanto à cobertura do mercado, desistiu-se, naquela época, da sua construção, pois a despesa, 8 contos 772 escudos, não cabia na verba orçamentada. Esse melhoramento só foi possível de executar em 1933, custando então perto de 210 contos.Concluido o mercado, a C.M.B. aprovou em 16/10/1917 o seu Regulamento após o que entrou em funcionamento. (Respigámos estas notas do “Barreiro Antigo e Moderno” de Armando da Silva Pais.

Barreiro - Edifício dos Paços do Concelho

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto

Edifício dos Paços do Concelho
Em 20/11/1904 foi arrematada a 1ª. Empreitada desta obra pela quantia de 17 395 000 réis; a 2ª. por 1 250 000 réis.
A primeira pedra para a construção dos Paços do Concelho ocorreu em 8/12/1904 e a ela assistiram cerca de 1200 pessoas. O edifício só foi concluido em Julho de 1906.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Barreiro - Estação da CP do Barreiro-A (já demolida)

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto

BARREIRO-A - A Estação foi demolida, pelo que nos constou foi na madrugada do dia 21 ou 22 de Maio de 2008. Foi uma surpresa. O assunto não foi objecto de informação divulgada por nenhuma entidade. No local verificámos que de facto a “Estação” tinha sido “evaporada!”. A Câmara parece que foi informada que iam realizar-se as obras na Estação do “Barreiro A”, mas não com a informação que a mesma seria completamente demolida.

Barreiro - Moinho do Jim

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto

Moinho de Vento do JIM - Mandado edificar em 1827 pelo britânico James Hartley, conhecido por “Jim”, funcionou até ao final do séc. XIX, sendo em 1926 adaptado para habitação. Em 1960 passa a Património Municipal. Moinho de arquitectura Proto–Industrial, com estrutura em forma de cone truncado, torre de três pisos, cobertura giratória e duas mós. O sistema de velas original era de tecnologia holandesa - velas de madeira rectangulares com uma envergadura de 13 metros.

Barreiro - Bairro da Cuf - Rua da Cuf


Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

Foto
Bairro da CUF - A par da estratégia de desenvolvimento industrial, com a construção das fábricas da CUF – Companhia União Fabril em 1908, Alfredo da Silva implementou a sua “Obra Social”. Logo nesse ano deu início à construção do Bairro Operário, com habitação e alguns serviços de carácter social destinados apenas aos operários, parte que já não existe actualmente. Em 1927 foi aberta a primeira Escola para ambos os sexos. O primeiro Refeitório entra em funcionamento em 1942 e a Colónia de Férias para os filhos dos trabalhadores em 1949. Inicialmente, o Bairro da CUF era composto por 312 moradias de único piso, formando conjuntos de ruas cuja toponímia remete para o fabrico de produtos químicos da CUF. Abarcando quase todo o Alto de Santa Bárbara, as moradias estavam organizadas em bandas formando quarteirões de ruas.

Barreiro - Bairro da CUF - Torre do Relógio


Acrílico sobre tela 30 cm x 40 cm
Foto

Foto

Torre do Relógio - Fundamental para a regulação dos turnos de 24 horas da CUF foi a construção da Torre do Relógio, em 1928, instrumento que ainda hoje se encontra em funcionamento. O recurso a relógios de rua era típico de uma época de mentalidade industrial, já que serviam sobretudo para regular a vida do bairro, marcando o quotidiano e o ritmo de trabalho dos habitantes.

Barreiro - Igreja Nossa Senhora da Graça - Palhais

Acrílico sobre tela 40 cm x 30 cm

Foto

Entrando em Palhais, ficará certamente surpreendido com a sua igreja de traça manuelina, dedicada a Nossa Senhora da Graça, fundada segundo a tradição por Paulo da Gama. É uma igreja de estilo manuelino mas assinalando a transição para o renascimento, devido aos restauros aí efectuados em finais do século XVI.

Barreiro - Escola Alfredo da Silva

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

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A Escola Industrial e Comercial Alfredo da Silva – E.I.C.A.S. – foi criada em 27 de Dezembro de 1945, pelo Decreto n.º 35402, publicado nesta data, no Diário do Governo, e inaugurada a 12 de Janeiro de 1947. Foi o primeiro estabelecimento de Ensino Secundário do Concelho do Barreiro, criada com o objectivo de formar trabalhadores qualificados que pudessem ser integrados nas novas indústrias que se estavam a instalar e a desenvolver no Barreiro, após o fim da 2ª Guerra Mundial.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Barreiro - Coina - Torre do Inferno

Acrílico sobre tela 50 cm x 40 cm

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TORRE DO INFERNO
A quinta onde se encontra a Torre de Coina foi propriedade rural, no século XVIII, de D. Joaquim de Pina Manique, irmão do famoso intendente de D. Maria I, Diogo Inácio Pina Manique. A propriedade foi depois adquirida, no século XIX, por Manuel Martins Gomes Júnior, comerciante natural de Santo António da Charneca, que em 1910 mandou construir a chamada "Torre de Coina", diz-se, para que “conseguisse avistar a propriedade que possuía em Alcácer do Sal”.
(Mas parece pouco credível este argumento e diz-se que a construção do mirante seria apenas para permitir ao proprietário, em qualquer altura do dia, vigiar, com um óculo, os movimentos das suas fragatas no rio Tejo. Não parecia possível que do alto do mirante, se avistassem terrenos em Alcácer do Sal a dezenas de quilómetros de distância.)
Ainda hoje a marca de D. Joaquim está patente na quinta pois encontra-se uma cruz de Cristo inscrita numa lápide nos muros da quinta. Em finais do século XIX parte da propriedade foi comprada pelo “rei do lixo” (Manuel M. G. Júnior) que construiu um império a partir do nada! Manuel Martins Gomes Júnior nasceu em 1860 no seio de uma família humilde em S. António da Charneca e prometeu a si mesmo mudar de vida e foi o que fez! Trabalhou como empregado de uma mercearia em Lisboa, quando fez algum dinheiro regressou ao Barreiro e comprou o moinho de água em frente à Quinta de S. Vicente.
Segundo se conta a forma como Manuel M. G. J. ganhou a sua primeira maquia foi ao assinar um contrato com uma seguradora, e posteriormente atear fogo ao moinho, recebendo o dinheiro relativo ao estrago. Assim comprou uma fatia daquilo que será a sua grande quinta. Durante os anos seguintes Manuel M. G. J. trabalhou na agricultura, emprestando dinheiro aos proprietários vizinhos para cultivarem a ceara. Porém houve anos maus (e Manuel não perdoou as dívidas!) e tomou uma decisão radical, anexou as parcelas dos devedores à sua, formando assim uma quinta com mais de 300 hectares.
Devido ao seu profundo anti-deísmo baptizou-a de Quinta do Inferno. Estabeleceu um contrato com um grande negociante e exportador de carnes, Manuel M. G. J. alugou-lhe o espaço para porcos. Pouco tempo depois o seu sócio morreu e Manuel assumiu o controlo dos negócios passando a ser negociante de carnes. Devido à sua intuição nata para os negócios e ao seu carácter empreendedor atingiu o auge assegurando o controlo da recolha dos lixos em Lisboa (à altura os lixos eram apenas matéria orgânica) transportando-os para Coina nos seus cinco barcos (a que deu os nomes de Mafarrico, Lúcifer, Belzebu, Demónio e Satanás). O lixo servia de alimento aos porcos, ele não gastava um tostão! Em 1910 após a revolução republicana mandou construir o palácio de Coina investindo aí muito dinheiro, conta-se que o palácio foi construído com os mais ricos materiais da época. Nunca se chegou a saber qual a finalidade do edifício, uns afirmam que se destinava a “ir para lá morar com toda a sua família”, “que era para do alto avistar as suas vastas propriedades no Seixal”, ou “que era para fazer uma demonstração de grandeza e poder”. Outros disseram que seria nova sede da maçonaria visto que a sede ardera havia pouco tempo. Assim a Quinta do Inferno passou para o seu genro António Ramada Curto que posteriormente a vendeu a José Mota. A Quinta do Inferno mudou então de nome e passou a chamar-se Quinta de S. Vicente.




quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Barreiro - Largo da Esperança - ex-Pátio Morgado (vulgo Pátio dos Bichos)

Acrílico sobre tela 50 cm x 30 cm

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Pretendemos acrescentar algumas notas sobre este "velho" espaço do Barreiro. Infelizmente, a história desta cidade ainda está por fazer e nada encontrámos sobre o Pátio Morgado. Continuaremos a procurar. Mas a nossa memória leva-nos para os anos 50 quando frequentávamos o colégio do "ti" Seixas e passávamos por lá com frequência. Lembramo-nos que nessa altura o Barreiro fervilhava de vida devido essencialmente à indústria corticeira, à CP e à CUF. A ideia que temos é que o Pátio Morgado tinha muita gente, trabalhadora e pobre e muita criançada. Daí talvez lhe tenham chamado Pátio dos Bichos devido à "bicharada" que por ali vivia. Se assim não fôr...
Costuma-se dizer que quem procura sempre encontra. E, sobre o Pátio Morgado encontrámos qualquer coisa. Pouco, é certo, mas vamos continuar a procurar. Folheando o “Barreiro Antigo e Moderno – As outras terras do concelho” de Armando da Silva Pais, encontrámos a páginas 112 e sobre a história do “Poço dos 16” o seguinte: “Finalmente, exigências de estética e higiéne levaram a câmara em exercício em 1951 a fazer desaparecer daquele local todo e qualquer vestígio do velho poço público que, a 12 de Agosto desse ano, foi substituido, simbòlicamente, por um marco fontenário no Páteo Morgado, próximo dele, ao qual foi dada a mesma designação de “Poço dos 16” (ou “dos Dezasseis”, como também é designado). Nessa data, Agosto de 1951, tínhamos, então, 13 anos e frequentávamos como dissemos acima o Colégio do Seixas. Temos uma vaga ideia do “Poço dos 16”. A ideia que fazemos é a dum fontanário talvez com tanque para os animais???, ali na Rua Almirante Reis entre os cinemas República e Teatro-Cine. Na verdade, o Pátio Morgado era e é ali bem perto.